Entrevista realizada para o Unplanned em 12/03/2013
Recentemente, a R/GA passou a trabalhar com as áreas de marketing de eventos e data visualization. E a agora, está adicionando os trabalhos de inovação e consultoria ao seu escopo de trabalho. Como essas novidades impactam no trabalho da agência e no resultado dos clientes?
Tudo começa com uma única certeza profundamente enraizada na cultura da R/GA: a única garantia que temos hoje é a garantia da mudança. Essa crença é o ponto de partida para a maior parte das decisões estratégicas que tomamos na agência… Desde decidir por entrar com tudo em uma concorrência por um cliente que vai nos permitir entregar um “trabalho R/GA”, a decidir por uma contratação de um profissional com um conjunto de habilidades completamente diferente, ou mesmo decidir por investir em algum tipo de oferta que eventualmente nem os clientes ainda chegaram a perceber que seriam necessárias, como Data Visualization, Consultoria de Modelo de Negócios e Desenvolvimento de Produtos. Pode soar meio arrogante uma afirmação dessas, mas felizmente contamos com um grupo de clientes que procuram a R/GA justamente com essa expectativa de trilhar por caminhos diferentes e inovadores. São marcas que, assim como nós, acreditam que vivemos um momento de intensa mudança e que a única maneira de liderar em novas alternativas de servir melhor seus consumidores é realmente equilibrar perfeitamente atividades que vão permitir um constante aprendizado e crescimento das equipes rumo ao novo.
A R/GA tem em seu DNA essa transformação de seu próprio negócio – desde quando foi fundada pelo Bob Greenberg, há mais de 30 anos atrás, como uma produtora de efeitos especiais para Hollywood que conquistou 2 Oscars, até quando se reinventou para se tornar a “Agência para a Era Digital” e conquistar em um mesmo ano o GP de Titanium e o GP de Cyber, dois dos prêmios mais importantes do festival de criatividade de Cannes. Assim como transformamos nosso próprio negócio em função dos avanços das tecnologias na vida das pessoas, temos a ambição de ajudar nossos clientes a se transformarem também na maneira como se relacionam com seus consumidores e crescem seus negócios. Por isso mesmo criamos recentemente 2 novas ofertas de consultoria – uma focada em repensar modelos de negócio, e outra focada no desenvolvimento e na melhoria de produtos através do uso de tecnologias digitais. São duas áreas que já estão operando transversalmente na R/GA, servindo diferentes projetos e áreas internas e inspirando diversos trabalhos que temos feito localmente.
Do lado da gestão da equipe, muita coisa também teve que ser transformada em meio a essa dinâmica de mudanças e adaptações. Em geral, estamos sempre em busca de gente que, mais do que capacidade técnica, tenha um espírito empreendedor e uma grande sede por aprender e desbravar. Pessoas que estão genuinamente interessadas em descobrir maneiras mais inteligentes de trabalhar comunicação em meio a mesmice que vemos hoje no mercado. Para isso funcionar, tomamos um cuidado imenso na contratação de cada profissional para garantir que esse tipo de mindset esteja de fato presente na maior parte das pessoas do nosso time – hire slow (muitas vezes em processos que duram meses e envolvem entrevistas com profissionais em vários dos nossos escritórios) e fire faster (implementando um sistema de feedback e um jeito de colaborar nos trabalhos que permite a gente descobrir mais rapidamente se tivemos o “encaixe” planejado em cada nova contratação.
No dia a dia, temos uma grande vantagem que ajuda muito a agilizar o processo de aprendizado e crescimento da equipe, e essa vantagem está muito baseada na maneira como colaboramos globalmente. Ao invés de termos uma operação internacional, na qual os diversos escritórios raramente sequer interagem entre si, a R/GA funciona realmente como uma única empresa global. As ferramentas e a infra-estrutura para que essa integração funcione faz com que quem trabalha aqui tenha realmente a sensação de que cada escritório está em uma diferente sala aqui mesmo dentro do nosso escritório. O tempo todo nossa equipe está colaborando com profissionais de diferentes mercados e culturas e, a qualquer momento, tenho a flexibilidade de recrutar um estrategista de qualquer parte da nossa operação cuja experiência seria interessante para um projeto local. Basicamente, um sistema interno permite que os executivos e producers visualizem a alocação e o perfil profissional de cada um dos nossos 1300 profissionais pelo mundo e programem uma alocação daquele “cérebro” específico com muita facilidade e agilidade. Inovação é a palavra de ordem para nossa indústria, em meio a esse contexto todo. E a única maneira de inovar é através da colaboração, da solução de problemas que une diferentes competências, perfis e backgrounds, e não diferentes modelinhos de pensar e planejar. Essa colaboração tem um impacto imediato na velocidade de aprendizado e na qualidade do clima de motivação da agência de uma maneira que não acredito que um departamento de RH com as mais importantes referências poderia proporcionar.
Resumindo, se no final do dia o que vendemos para nossos clientes são os cérebros de nossos talentos, é a qualidade deles que vai nos ajudar a nos diferenciar. Acredito muito que os melhores cérebros da nossa indústria são aqueles que estão insatisfeitos, inquietos e ávidos pelo novo. Para sermos bem sucedidos precisamos ter um ambiente que atenda a ambição desses talentos que queremos. E para fechar por onde começamos, em meio a essas mudanças todas, não custa lembrar que o skill mais importante hoje em dia é o skill de aprender novos skills.
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